Esta viagem foi um desafio, pois muitas coisas ouvimos sobre viajar de moto pela Argentina. Desafio maior ainda porque viajaríamos sozinhos.
Acesse o link abaixo ou clique no mapa para mais detalhes do roteiro completo (vai abrir no Google Maps).


Total de km rodados (odômetro): 5.210 km.

Total de dias na estrada: 18 dias.

Dias em que rodamos: 15 dias.

Dias parados: 3 dias  - Lages (secar roupas); Villa Carlos Paz (lavar e secar roupas); Rosário (conhecer a cidade).

Chuva na estrada: 3 dias - Criciúma-Lages; Reconquista-Santa Fé; Villa Maria-Marcos Juárez (garoa).

Maior desafio: passar por um alagamento de aproximadamente 300 m e 30 cm de profundidade na Rota 11, entre Reconquista e Santa Fé.

Total investido
Preparação e revisão da Shadow: R$ 1.490,00.
Seguro viagem: 15 dias para duas pessoas: R$ 260,00.
Carta Verde: estava incluída no seguro total.
Combustível: R$ 1.070,00
Alimentação: R$ 1.270,00
Hospedagem: R$ 3.140,00 (o custo variou entre R$ 132,00 e R$ 322,00 por diária, já incluída a conversão das moedas e o IOF - custo final no cartão de crédito). É possível hospedar-se em todo o trajeto por valores médios de R$ 200,00.
Extras: R$ 460,00

A Shadow
Aguentou firme o desafio. 
Deu uma engasgada em Corrientes, mas depois que passei a utilizar gasolina premium (98 octanas) funcionou feito relógio suíço. 
Enfrentou de forma valente o alagamento (o piloto é dos bons).

Postos de gasolina (estación de servicio): neste trajeto há boa disponibilidade. Conseguimos abastecer em média a cada 100 ou 120 km, o que é tranquilo considerando a autonomia segura da Shadow de cerca de  220 km.

Média de consumo: 22,26 km/L (entre 17 e 25,29 km/L - depende da forma de pilotar e do vento, que quando contrário aumenta o consumo).
Custo médio da gasolina: R$ 4,57/L (entre R$ 4,18 (Posadas-Corrientes) e R$ 5,23/L (Uruguaiana-Santa Maria).

Controle de gastos
Utilizamos uma planilha sugerida pelo amigo motociclista "Sahara" e fizemos alguma modificações (aqui só consigo colocar em imagem; quem quiser utilizar pode nos deixando seu e-mail em um comentário neste post).

Nossa percepção sobre viajar de motocicleta pela Argentina
* Há rodovias muito boas, mas também há aquelas com buracos, rachaduras, ondulações, trilhos de caminhões, alagamentos, etc.
* A sinalização é precária em muitas rodovias e cidades. Esteja sempre atento e confira o roteiro de vez em quando.
* Não se surpreenda se estiver a 12o km/h e em seguida tiver que reduzir para 40 km/h para passar em um pequeno vilarejo ou 20 km/h para passar pela polícia rodoviária.
* Respeite estes limites para não se incomodar com a polícia. A maioria dos argentinos não respeita, nem caminhões e ônibus. 
* Uma câmera no capacete pode inibir que policiais rodoviários te parem (e queiram propina). Em muitos postos que passamos eles ficaram olhando para o capacete (acho que para ver se estava filmando). Não fomos parados nenhuma vez, mas foi nossa percepção.
Tenha cuidado ao rodar nas cidades. Não nos pareceu que os motoristas argentinos, assim como muitos brasileiros, respeitem motociclistas. Se deixar espaço eles enfiam o carro e te espremem no meio fio ou sobre carros estacionados. Ocupe a vaga de um carro nas vias urbanas. 
* É comum que carros parem no meio da via, em fila dupla, buzinem para tudo e para nada.
* Motos (geralmente pequenas) andam e param de qualquer jeito, com passageiros com e sem capacete. É muito comum estacionarem sobre as calçadas. 
* Em muitas cidades o horário de funcionamento é um pouco diferente do nosso. Geralmente das 9h às 12h e das 16h as 20h.


E os argentinos
* No geral são sisudos e de poucas palavras. Falam muito alto.

* Mas tivemos muito boa impressão quando realmente precisamos em:
- Posadas: uma motorista que desceu de um carro veio até nós para dar informação.
- Corrientes: a Shadow desligou sozinha em uma via movimentada; quando conseguimos estacionar, um motociclista que passava a pé parou para oferecer ajuda e indicou um eletricista; em seguida um jovem passou e indicou uma oficina onde trabalhava; e um senhor parou e disse que não entendia nada de motocicleta, mas tinha uma oficina mecânica no outro lado da avenida e disponibilizou as ferramentas, caso precisássemos.
- A caminho de Santa Fé (no alagamento): uma policial rodoviária veio até nós preocupada com nossa segurança na passagem pelo local. Orientou-nos a aguardar os carros passarem e seguir firme, acelerando forte. 
- Villa Carlos Paz: como era final de semana, não tinha serviço de lavanderia. A gerente do hotel chamou a camareira e perguntou se ela poderia lavar nossas roupas que estavam molhadas do alagamento. Ela concordou e pudemos ter quase a totalidade de nossas roupas lavadas pelo equivalente a R$ 76,00.
- Villa Mercedes: um proprietário de Shadow ficou muito contente em nos encontrar. Nos deu um chaveiro em forma de asa (Honda) para nos proteger.
- Rio Cuarto: paramos junto ao meio fio para ajustar o GPS e um senhor saiu de sua loja para oferecer ajuda. Orientou-nos sobre o caminho a seguir.
Paso de los Libres (alfândega): depois que passamos a alfândega (1h30min no sol), paramos na sombra para descansar. Um jovem argentino veio nos oferecer água gelada e ficou conversando um pouco. Ia jogar futebol numa cidade brasileira perto de Uruguaiana.

Brasileiros que encontramos no caminho
* Um pai e seu filho motociclistas, de Porto Alegre, a caminho do Atacama; 
* No 'camino de las altas cumbres' encontramos um casal de Sobradinho (RS). Embora fossem motociclistas, estavam viajando de carro;
* Um casal de motociclistas de Ijuí (RS) voltando de viagem;
Um grupo de motociclistas (seis) de São Paulo e Brasília que estavam voltando do Chile.
Um motociclista solitário de Curitiba, voltando de uma viagem pela Bolívia, Chile e Argentina   

Abraços e até a próxima aventura.
Valeu a pena! Valeu muitoooo!
Nossa adrenalina é a estrada!
De motocicleta!